Banco Central eleva a taxa de juros para 15%; é a taxa mais alta dos últimos 19 anos
O Copom sinalizou que vai encerrar a alta dos juros na próxima reunião, em julho, mas que a Selic deve permanecer no nível atual por um período prolongado e...

O Copom sinalizou que vai encerrar a alta dos juros na próxima reunião, em julho, mas que a Selic deve permanecer no nível atual por um período prolongado e, se for necessário, pode voltar a subir a taxa. Banco Central do Brasil sobe Selic para 15% ao ano No Brasil, depois do fechamento do mercado financeiro, o Comitê de Política Monetária do Banco Central informou que elevou a taxa básica de juros pela sétima vez seguida. Dessa vez, o aumento foi menor, de 0,25 ponto percentual. Com isso, a Selic passou para 15% ao ano. A decisão foi unânime. O Copom reafirmou que as expectativas de inflação continuam acima da meta, que vai seguir monitorando os efeitos da política comercial americana e o comportamento das contas públicas no Brasil. O comitê também sinalizou que vai encerrar a alta dos juros na próxima reunião, em julho, mas que a Selic deve permanecer no nível atual por um período prolongado e, se for necessário, pode voltar a subir a taxa. Entre juros altos e inflação, também a escolha da família é comprar só o que pode para o orçamento não desandar. Reinaldo Alves e a mãe são aposentados: “Eu procuro comprar à vista e negociar com o vendedor”, diz Reinaldo. Segurar o consumo é mesmo o objetivo do Banco Central quando sobe a taxa de juros. A sétima alta seguida levou a Selic para o maior patamar desde julho de 2006. Se tem menos gente comprando, os preços sobem menos e a inflação cai. Mas, dentro de casa, leva tempo para sentir. Ainda mais quando o que pesa é a conta do mercado. Em maio, os alimentos até subiram menos, mas subiram. E ainda não deu para voltar a encher a despensa. “A gente nota que tem que ir diminuindo também as coisas, porque não dá para fazer aquela coisa que fazia antes. Tudo tão caro. Café principalmente. E a gente gosta de tomar café, não ‘chafé’”, diz a aposentada Durvalina Mathias dos Santos. Banco Central eleva a taxa de juros para 15%; é a taxa mais alta dos últimos 19 anos Jornal Nacional/ Reprodução É que o gosto ruim deixado pela inflação demora mesmo para passar, explica o economista André Braz, da FGV/IBRE: “É uma sensação legítima e que não vai se modificar da noite para o dia. A gente precisa de uma sucessão de bons momentos, de boas safras, estabilização cambial, para que a gente tenha finalmente espaço para ter uma queda mais duradoura do preço dos alimentos e, finalmente, as famílias consigam recompor a sua cesta de consumo, que foi muito comprometida nos últimos anos”. Os economistas explicam que a gente sente mais a conta dos alimentos porque é um gasto que não dá para riscar do orçamento. Mas, quando o Banco Central olha para a inflação para decidir o que fazer com os juros, considera também outros fatores que podem provocar aumento de preços e que hoje ainda seguram o índice geral acima do teto da meta. O comunicado divulgado nesta quarta-feira (18) pelo Banco Central destaca como um dos riscos de alta uma maior resiliência na inflação de serviços. A economista Natalie Victal explica por que esses preços não estão cedendo: “Manicure, costureira, serviço de conserto de automóveis. Então, serviço que é muito intensivo em mão de obra acaba sendo pressionado para cima quando a gente tem um mercado de trabalho que está em pleno emprego, que é o que está acontecendo. Por isso que a autoridade monetária - o Banco Central - continua bastante vigilante”, diz Natalie Victal, economista-chefe da Sul América Investimentos. O economista André Braz lembra que os juros são um dos remédios contra a inflação. Mas tem outro, que é o controle de gastos pelo governo: “Política fiscal tem que andar de mãos dadas com a política monetária. O objetivo de se alcançar aí uma estabilidade monetária mais rápido é: o governo fazer uma boa gestão do gasto público, a política monetária trabalhando com juros nesse patamar por mais alguns meses, e a gente alcançaria a meta de inflação mais rapidamente, torturando um pouco menos a população que sofre com um aumento de preços e também com o encarecimento do crédito”.