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Brasil às escuras: 450 mil pessoas ainda vivem sem energia elétrica em 2025

Brasil às escuras: 450 mil pessoas ainda vivem sem energia elétrica em 2025 No mesmo país dos Data Centers, há quem ainda use lampião. Comunidades do lito...

Brasil às escuras: 450 mil pessoas ainda vivem sem energia elétrica em 2025
Brasil às escuras: 450 mil pessoas ainda vivem sem energia elétrica em 2025 (Foto: Reprodução)

Brasil às escuras: 450 mil pessoas ainda vivem sem energia elétrica em 2025 No mesmo país dos Data Centers, há quem ainda use lampião. Comunidades do litoral do Paraná esperam por um serviço básico. "Aqui onde nós moramos, aqui, todo mundo sofre com essa... com essa falta de energia, né?", diz Sérgio Malaquias, pescador. "É muito humilhante, a gente no século XXI que está, vivendo nessa injustiça, para nós é uma injustiça isso aí", afirma Odair José, presidente da Associação de Barbados. O povo caiçara se instalou na região há 300 anos. A escuridão faz companhia às gerações de moradores. "Meu pai morreu com 86 anos, minha mãe também. Não viram a energia chegar, e nós estamos nessa luta aí... e talvez, eu que sou filho, não consiga ver também, né?", comenta Durval Martins, comerciante. No Brasil, mais de 450 mil pessoas vivem sem energia elétrica. Um levantamento feito pela Universidade Federal do Paraná mostra que essa é a realidade dos moradores de oito das 18 vilas de Guaraqueçaba. "Desestimula os jovens de estarem aqui, seja por acesso a serviços públicos, mas, também, a questão desse isolamento gerado pela ausência de energia elétrica", ressalta Eduardo Vedor, pesquisador da UFPR. O posto de saúde está desativado. Ainda tem aqui no antigo consultório alguns objetos, como uma balança, uma mesa, uma pia, mas por causa da falta de energia elétrica não tem como o posto funcionar. Diante de uma necessidade, os moradores da comunidade precisam enfrentar pelo menos quatro horas de barco até o hospital mais perto. Onde deveria funcionar uma escola, restaram as paredes. "Não tem energia, não tem o acesso de você ter um estudo de qualidade, ter uma geladeira dentro da tua casa, um freezer para você fazer um gelo para manter o nosso pescado, porque nós somos pescadores", diz Sérgio Malaquias, pescador. Os moradores vivem no improviso. "Ainda usa aquele tempo do lampião, né? Para poder dormir de noite, para ver onde é a cama, pelo menos", diz Durval Alguns usam bateria de carro para acender as lâmpadas. O Marciano teve que pegar dinheiro emprestado para comprar um gerador. O filho dele tem bronquite e precisa da energia para fazer inalação. "Só para fazer o remédio dele, porque não tem como usar de noite, porque gasta diesel", afirma Marciano. De 2010 a 2012, a Companhia Paranaense de Energia, a Copel, instalou placas solares nas comunidades. Mas, a tecnologia não funcionou, por causa da baixa incidência de sol na região. Agora, uma década depois, a companhia diz que vai resolver o problema com a instalação de usinas solares com armazenamento de energia. "A região não é das que têm maior irradiação solar do Paraná, por isso nós apostamos muito no armazenamento dessa energia, utilizando baterias de íons de lítio", diz Julio Omori, diretor comercial Copel. Na casa da Dona Tereza, a geladeira, que por enquanto funciona como armário, é um símbolo de esperança. "A gente compra porque tem vontade de ter, mas não consegue usar ele. A esperança não morre, a gente fica esperando". Brasil às escuras: 450 mil pessoas ainda vivem sem energia elétrica em 2025 Reprodução/TV Globo